Nesta 5ª parte desta série de artigos, darei continuidade as métricas do Seis Sigma.
Seis Sigma – 5ª parte
Partes por Milhão (ppm)
Refere-se
a produtos ou peças defeituosas, assim como a defeitos, erros e falhas. Desta
forma, na linguagem do Seis Sigma falamos de defeitos por milhão, erros por
milhão, falhas por milhão, defeituosos por milhão, sendo este último mais
conhecido como partes por milhão de defeituosos.
O
ppm estima o número de unidades, partes de peças ou produtos que serão
defeituosos, se um milhão de produtos forem produzidos. Poderia ser um simples
exercício de se tirar uma amostra de produtos, inspecioná-la e determinar o
número de defeituosos.
Assim,
a medida ppm oferece maior resolução para quantificar defeituosos, defeitos,
erros e falhas.
O
ppm é um cálculo simples, mas somente quando o determinamos por inspeção.
Qual é o ppm para o Seis Sigma?
O
ppm defeituoso associado ao Seis sigma é de 0,002 ppm. Este valor é
aproximadamente duas partes por bilhão de defeituosos. O 0,002 partes por
milhão é uma estimativa que estipula que, se 1.000.000 de unidades forem
produzidas, nem mesmo uma será defeituosa. Se um bilhão forem produzidas,
apenas duas serão defeituosas.
O que é uma variação + ou – 1,5 Sigma?
A
variação de mais ou menos 1,5 sigma veio à tona quando a Motorola, na sua
explicação de "Por que Seis Sigma?", a utilizou como o pior caso
apresentável de uma variação significativa na média do processo. Eles afirmaram
que uma variação de + ou – 1,5 sigma não indicaria uma piora na percentagem de
fora da tolerância a seus clientes se seus processos fossem planejados com
limites de especificação igual a duas vezes a amplitude do processo, ou a
níveis Seis Sigma.
Mas isso
não serve o tempo todo como via de regra.
Defeituosos e Defeitos
Um
produto ou parte é considerado defeituoso quando ele não se conforma às
especificações. Um produto somente pode ser defeituoso ou não defeituoso. Um
produto defeituoso pode possuir um ou muitos defeitos. Para um produto ser
defeituoso ele precisa apenas de um defeito, ou seja, na apresentação de mais defeitos
não aumenta o nível de defeituosos de um produto.
Uma
característica é defeituosa quando suas medidas estão fora dos limites de
especificação. Para medir a fração defeituosa, utilizamos a área sob a
distribuição Normal e acima do LSE (Limite Superior de Especificação)
e do LIE (Limite Inferior de Especificação).
Para
eliminarmos a presença de defeitos na produção, devemos em primeiro lugar
encontrar variáveis que influenciam na ocorrência de defeitos e, assim, fazer
as modificações necessárias para reduzir ou eliminar o efeito e tornar o
processo à prova de defeitos.
Erros ou Falhas
Um
erro ou falha é não fazer o que é correto. Os erros ou falhas são também
tratados como ocorrências aleatórias isoladas em um intervalo continuo de
tempo, e a proporção não é normalmente usada para quantificar erros. Ao
contrário, a incidência de erros ou falhas é utilizada, e uma contagem é
produzida.
Defeitos por Milhão de Oportunidades
(DPMO)
O
DPMO é uma medida para quantificar o número total de defeitos, se um milhão de
unidades forem produzidas, dividido pelo número total de oportunidades de
defeito.
Erros por milhão de Oportunidades (EPMO)
O
EPMO é uma medida para medir e comparar a performance de processos
administrativos, de serviços ou transações distintas. O EPMO quantifica o
número total de erros ou falhas produzidas por um processo por milhão de
iterações do processo. Ele leva em consideração as oportunidades de este
processo apresentar erros ou falhas. Se o processo é complicado, pesado,
difícil ou mal definido, ele pode apresentar muitas chances de erros ou falhas.
Para
obter o EPMO, primeiro calculamos os erros por unidade. O epu é igual ao número
total de erros encontrados em uma amostra, dividido pelo tamanho da amostra.
Depois calculamos os erros por milhão (epm), multiplicando o epu por milhão.
Depois dividimos o epm pelo número total de oportunidades de erros apresentado
pelo processo.
A
vantagem de usar o EPMO em comparação ao epm é a de que o EPMO leva em
consideração a complexidade do processo, e a medida se presta a comparar a
performance de processos administrativos, de serviços ou de transações
distintos, considerando seu nível de dificuldade.
Avaliando as Oportunidades de Erros
Essa
avaliação é o elemento mais importante no cálculo do EPMO. Para tal, quebre o
processo em elementos menores e analise-os cuidadosamente, para definir as
áreas de erros e classificar os diferentes tipos de erros possíveis.
Darei continuidade nos próximos artigos.
Seis Sigma – 6ª e última parte
Suposições
Estatísticas
Não deve ser esquecido que o Seis
Sigma, juntamente com o Coeficiente de Capacidade do Processo, Coeficiente de
Potencial do Processo e outros assuntos discutidos aqui compartilharia de
certas suposições básicas. As duas suposições mais importantes são:
Normalidade: A resposta ou a distribuição da
característica segue ou pode ser aproximada pela distribuição Normal ou
Gaussiana.
Estabilidade:
O padrão que resulta da
plotagem dos dados da resposta ou característica contra o tempo está sob
controle estatístico.
Estas suposições devem ser testadas
antes de qualquer previsão ou interferência, especialmente na aplicação do Seis
Sigma a processos técnicos.
A Distribuição Normal
A
distribuição normal possui um importante papel no Seis Sigma, que é seu modelo
estatístico fundamental.
A
função de probabilidade normal relaciona os valores das características com
suas probabilidades de ocorrência. Saber que a distribuição amostral segue uma
distribuição Normal possibilita a previsão da ocorrência de eventos. Isto
também possibilita a previsão de a quantos sigma determina a observação se
encontra em relação à média.
Meta de Qualidade
Envolve
otimizar todos os processos de fabricação a um Cp muito alto e um valor de Cpk
igual a 2. Alcançar esse valor é o que marca o sucesso de uma equipe na busca
do Seis Sigma. Esta meta deve estar ligada à Meta de Qualidade da organização.
A
Meta de Qualidade deve ser um valor, tal como 0,002 defeituosos em um milhão ou
mais ou menos 6 sigmas dentro dos limites de especificação ou algum outro valor
que seja desafiante e que possa ser quantificado. O valor de 2 para o Cp e Cpk
é razoável e também atingível e traria lucros consideráveis para a organização.
Plano de Desenvolvimento
Para
ser capaz de manter o programa Seis Sigma em foco, dentro do programa e dentro
do prazo, um Plano de Desenvolvimento deve ser projetado e estabelecido. As
equipes e membros devem ser identificados, e os estudos dos processos e
projetos de melhoria programados. Processos críticos devem ser programados
primeiramente, e o Plano de Desenvolvimento tem de ser revisado
trimestralmente.
Geralmente
é necessário que uma equipe trabalhe algumas horas por semana, por alguns
meses, para executar um estudo de caracterização e otimização total de
processos em uma área podem exigir esforços contínuos ao longo de alguns anos.
Durante este período de tempo, é necessário que se faça um investimento de
recursos, tempo e dinheiro.
Revisão Mensal
Mensalmente,
as equipes são convidadas a apresentar o progresso de seus estudos de
caracterização de processos e projetos de melhoria de processos. Os membros de
todas as equipes, assim como a administração, devem ser convidados a
participar. As equipes que se apresentam devem mostrar seu progresso,
obstáculos, marcos, necessidades e descobertas. Direção e suporte devem ser
dados pela administração aos mentores de equipe para que as equipes possam
retomar ou continuar o seu progresso.
Prêmio de Reconhecimento
Para
reconhecer e promover o interesse das equipes, um prêmio deve ser oferecido
para cada membro da equipe que completar com sucesso a caracterização total de
um processo e atingir o Seis Sigma.
Campeões ou Mentores de Equipe
Os
Mentores de Equipe são gerentes de diferentes níveis da organização que definem
os estudos ou projetos. Um estudo ou projeto típico é iniciado após avaliar seu
potencial de realizar economias na casa dos 75 mil dólares anualmente. O Mentor
de Equipe não é um membro ativo da equipe nem possui uma função ativa nas
atividades da mesma. Sua função é a de se manter informado sobre e acompanhar o
progresso da equipe e de fornecer alta visibilidade de gerenciamento,
comprometimento e suporte para fortalecer os membros da equipe para seu
sucesso. Os Mentores de Equipe fornecem um direcionamento estratégico para os
estudos e projetos e asseguram que mudanças, melhorias ou soluções sejam
implementadas.
É necessário pessoal novo para o Seis
Sigma?
Um
dos objetivos do Seis Sigma é promover uma mudança cultural na organização e
preparar os empregados para utilizar uma metodologia comprovadamente
bem-sucedida em outras empresas. Tal preparação não consiste em apenas treinar
algumas pessoas, mas a organização inteira, fazendo com que todos percebam que
têm o poder para melhorar a qualidade. Não se trata de delegar a qualidade a
apenas alguns funcionários atuais ou mesmo aos recentemente contratados
(especialistas), e sim, de ensinar métodos, técnicas, ferramentas e medidas e
de demonstrar a todos como utilizá-las, para que possam entender a relevância
da metodologia para o trabalho que desenvolvem.
Como superar a resistência e alcançar a
adesão?
Para
superar a resistência e conseguir a adesão, a mudança precisa ser iniciada no
topo da organização. A mudança mais crucial em uma organização para implementar
o Seis Sigma com sucesso é liderança gerencial esteja convencida e necessite
que o Seis Sigma seja a solução para movimentar seus negócios.
Ferramentas utilizadas para alcançar o
Seis Sigma
Existe
uma variedade de ferramentas, técnicas e métodos utilizados na busca dos Seis
Sigma, e existem diferenças significativas na sua aplicação a processos
técnicos e não-técnicos. Aqui estão algumas:
- Planejamento de Ação
- Análise de Variância
- Benchmarking
- Box Plots
- Sessões de Brainstorming
- Matriz de Causa e Efeito
- Diagramas de Causa e Efeito
- Folhas de Verificação
- Diagramas de Concentração
- Gráficos de Controle
- Diagramas de Afinidade
- Gráfico de Barras
- Distribuição Binomial
- Análise de Custo/Benefício
- Análise de Tempo de Ciclo
- Milhão de Defeitos por Oportunidades
- Defeitos por Milhão
- Defeitos por Unidade
- Gráfico de Fluxo
- FMEA`s
- Gráficos Hierárquicos
- Histogramas
- Análise de Regressão Múltipla
- Distribuições Normais
- Diagramas de Pareto
- Gráficos de Setores
- Análise da Capacidade do Processo
- Mapeamento do Processo
- Análise de Causa Raiz
- Planos Amostrais
- Diagramas de Dispersão
- Análise de Valor
- Voz do Cliente
Conclusão
O
fato do Seis Sigma ser uma busca interminável pela qualidade, através da
diminuição dos defeitos, erros e falhas até quase zero defeitos (0,002 por
milhão). Como também necessário a todas as organizações que desejam ser
competitivas, e porque não, de ponta. Que é uma metodologia, tal como um fim
que visa sempre a qualidade, para como consequência conquistar e manter
clientes engrandecendo assim toda organização. Pois quanto mais sigmas no
processo produtivo mais lucrativa a organização será porque a mesma minimizará
suas perdas, fazendo com que haja um decréscimo nos custos. E também que não é
uma operação que exija mão-de-obra nova e sim uma participação de todos na
organização para que não haja resistência para aplicação do programa e para que
ela seja de grande eficácia.
Referências
Pacheco, Diego A.J., Teoria das Restrições, Lean Manufacturing e Seis Sigma: limites e possibilidades de integração, Prod. vol.24 no.4 São Paulo Oct./Dec. 2014 Epub Mar 11, 2014
Adaptado de: Perez-Wilson, Mario, "Seis Sigma
compreendendo o conceito as implicações e os desafios", Qualitymark Ed.,
1999, p. 145 a p. 214
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